O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) passou a madrugada desta quinta-feira (10) jogado no chão do plenário de uma comissão da Câmara — uma imagem simbólica da resistência que ele decidiu encarar.
Durante a sessão do Conselho de Ética que empurrou a recomendação de sua cassação, Glauber foi direto: entrou em greve de fome e avisou que não sairia dali até o fim do processo. Vai ficar na casa legislativa, enfrentando tudo de frente, até que o plenário decida se vai confirmar ou enterrar de vez a tentativa de cassá-lo.
O processo contra Glauber Braga foi aberto após um episódio que escancarou o clima de tensão política na Câmara: ele partiu pra cima de um ativista do grupo de direita MBL, dentro do próprio Congresso, no ano passado.
A partir daí, a escalada de enfrentamento só aumentou. Agora, cercado por quatro assessores e dois apoiadores, Glauber decidiu encarar o sistema de frente. Sem consultar ninguém — nem a bancada, nem a própria família — ele bateu o martelo: entraria em greve de fome e ficaria no plenário até o desfecho do processo.
Nem os mais próximos esperavam esse movimento. A decisão pegou todos de surpresa, inclusive sua esposa, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP). Ela esteve ao lado dele até por volta das 23h, mas precisou voltar pra casa para cuidar do filho do casal, de apenas três anos.
Enquanto isso, a Câmara tratou de se precaver. Um policial legislativo foi colocado na porta para garantir a segurança durante a madrugada — porque o clima, como se vê, está longe de esfriar.
Durante a noite, a Câmara manteve um policial legislativo na porta para garantir a segurança.
O caso no Conselho de Ética
A reunião do Conselho de Ética foi um verdadeiro espetáculo de hipocrisia — um circo armado, com manobras descaradas e tumulto do início ao fim.
Desde os primeiros minutos, o clima já era de confronto.
Militantes e aliados de Glauber Braga bateram de frente com o parecer do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que empurrou a recomendação de cassação goela abaixo.
Mas ninguém ficou calado.
Os protestos explodiram dentro da sala e se espalharam pelas áreas ao redor, deixando claro que essa tentativa de cassação não passaria em silêncio. Foi um recado direto: estão tentando calar uma voz incômoda — e isso não vai passar barato.
A pressão foi tanta que até o mundo artístico se manifestou.
O ator Marco Nanini esteve no plenário, marcando presença e mostrando que o apoio a Glauber vai muito além dos corredores do Congresso