Marcão conseguiu cumprir seu papel interino no comando do Fluminense.

A saída de Mano Menezes colocou em evidência o futuro do Fluminense na temporada.

Contra o Once Caldas, pela Sul-Americana, o interino Marcão buscou estabilizar a equipe para a chegada do novo treinador — e conseguiu. Além da vitória por 1 a 0 na Colômbia, o jogo revelou pontos que precisarão ser aprimorados e ajustes que serão essenciais para o próximo comandante.

Marcão deixou claro desde a escalação que o foco era a vitória, não o espetáculo. O triunfo não era importante apenas para estrear bem contra o Once Caldas, principal adversário do grupo, mas também por ser fora de casa, o que aumentava o peso do resultado. Ao repetir a formação usada por Mano Menezes após os 13 minutos iniciais de sua última partida, o interino manteve tanto os acertos quanto os erros do antecessor, indicando os desafios que o novo técnico terá pela frente.

Um dos pontos positivos foi Germán Cano.

Autor do gol que garantiu a vitória, ele reforçou seu status de carrasco do Once Caldas, chegando a 12 gols contra os colombianos. Além disso, tornou-se o maior artilheiro internacional da história do Fluminense. Mais do que balançar as redes, sua atuação trouxe um alívio ao time, já que nos últimos jogos sob o comando de Mano Menezes, ele pouco conseguiu ser uma ameaça real ao adversário.

Além disso, após se adaptar à altitude de 2.160 metros e ao ritmo do jogo, o Fluminense conseguiu ser mais presente no ataque, algo que não vinha acontecendo. Mesmo com alguns momentos de sufoco, a equipe criou oportunidades e poderia ter ampliado o placar. Embora a fragilidade do adversário tenha influenciado, é justo reconhecer os méritos de Marcão na organização da equipe.

Outro problema evidente foi a fragilidade do lado esquerdo da defesa. A dupla Freytes e Renê, já exposta contra o Fortaleza, voltou a demonstrar vulnerabilidade diante do Once Caldas. A limitação técnica do adversário colombiano ajudou a minimizar os danos, mas não impediu que os dois fossem superados em jogadas de perigo.

Além disso, o Fluminense sofreu novamente no jogo aéreo. Se não fosse por Fábio, o Once Caldas poderia ter aproveitado melhor as bolas alçadas na área, especialmente explorando Freytes. Em sua maior falha, Dayro Moreno quase empatou a partida. O zagueiro argentino, antes elogiado pela saída de jogo, teve queda de rendimento. Já Renê, apesar de contribuir mais ofensivamente, não manteve a solidez defensiva que marcou sua carreira.

Outro fator a ser considerado na análise da partida é a altitude. Os 2.160 metros do Estádio Paloalto podem não causar impactos fisiológicos tão severos, mas ainda influenciam o tempo de bola e a respiração dos jogadores. Dessa forma, a dificuldade inicial do Fluminense em se organizar em campo é compreensível.

Falta de criatividade no meio-campo compromete o desempenho ofensivo

Mesmo considerando esse fator, é importante destacar que Lima ainda não conseguiu reencontrar seu melhor futebol. Até o gol do Fluminense, marcado no momento mais difícil do time na partida, a criação era praticamente inexistente. Em várias ocasiões, Cano precisou recuar até o meio-campo para buscar jogo, evidenciando um enorme descompasso entre os setores. Com Lima pouco participativo na construção, Hércules e Martinelli acabavam sobrecarregados no meio.

Fluminense adota postura mais defensiva no segundo tempo, mas segue perigoso nos contra-ataques

Na volta para o segundo tempo, o Fluminense deixou de ser a equipe “do Mano” e passou a assumir características típicas de Marcão. Assim como nos momentos em que o interino comandou o time em anos anteriores, o Tricolor abriu o placar, recuou as linhas e jogou de forma mais defensiva, mas sem abdicar dos contra-ataques.

Nas trocas, Serna entrou no lugar de Canobbio, Lezcano substituiu Lima, e Bernal assumiu a vaga de Hércules. Apesar da manutenção da estrutura tática, a renovação do fôlego ajudou a controlar melhor a partida. No ataque, o Fluminense teve boas chances para ampliar com Everaldo, Serna e Lezcano, que chegou a acertar a trave.

Vitória com sustos: defesa expõe fragilidades, mas Fábio garante o resultado

Apesar do controle no segundo tempo, a fragilidade defensiva do Fluminense exigiu grandes intervenções de Fábio. Em pelo menos duas jogadas originadas pelo lado esquerdo, o goleiro foi essencial para evitar o empate. Se o Once Caldas tivesse mais qualidade, poderia ter aproveitado os espaços concedidos.

No entanto, como “se” não entra em campo, a vitória foi confirmada. E assim, mais uma vez, Marcão cumpriu seu objetivo à frente do time.

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