Vegetti brilha pelo alto e São Januário impulsiona virada do Vasco
Nenhum time no Brasil tem um atacante tão dominante pelo alto quanto o Vasco. Vegetti pode não ser o mais completo do Brasileirão, mas sua presença física e faro de gol fazem dele uma peça fundamental. Neste domingo, ele voltou a ser decisivo na virada por 2 a 1 sobre o Santos.
O Vasco conquistou seus primeiros três pontos no campeonato graças ao argentino, que primeiro serviu Nuno Moreira com uma assistência de cabeça e, depois, marcou o gol da virada da mesma forma, aproveitando cobrança de falta de Payet. No entanto, o time demorou a explorar sua principal arma, encontrando dificuldades no primeiro tempo.
Com Vegetti inspirado e o apoio de São Januário, o Vasco mostrou que tem uma receita clara para ser competitivo nesta temporada.
A escalação de Carille
Fábio Carille teve três semanas para preparar o Vasco para a estreia no Brasileirão e apostou em um esquema flexível. O time começou no 4-2-3-1, mas variava para um 4-1-4-1 com a posse de bola.
A estratégia era clara: Hugo Moura ficava fixo à frente da defesa, enquanto Coutinho e Paulinho ganhavam liberdade pelo meio. Os meias se aproximavam dos pontas Nuno Moreira e Garré, que tinham a função de cortar para dentro, criando mais opções de ataque.
O Vasco enfrentou dificuldades para superar a marcação do Santos no campo de defesa. Em um erro infantil, Paulinho entregou um passe errado para Paulo Henrique, oferecendo a bola de presente para Tiquinho. O ex-Botafogo rapidamente serviu Barreal, que, com categoria, encobriu Léo Jardim para abrir o placar.
O gol desestabilizou o Vasco em três aspectos: psicológico, tático e técnico. A equipe de Fábio Carille ficou ansiosa na busca pelo empate, cometendo erros primários e demonstrando nervosismo ao longo do primeiro tempo.
O Vasco concentrou suas investidas pelo lado esquerdo, mas sofreu com a desorganização tática. Em vez de atuar como um meia que corta para o centro, Garré frequentemente se posicionava como um segundo ponta-esquerda, deixando o time desbalanceado e com pouca presença na área.
— Acho que a gente se perdeu um pouco. Depois do gol, ele começou a cair na esquerda. Quando chegávamos ao fundo para cruzar, só tinha o Vegetti na área. Ele precisa flutuar mais pelo lado direito para dar suporte ao PH e ao Paulinho e também se apresentar na área quando o jogo estiver pelo outro lado. Mas, para uma estreia em São Januário, entendendo o futebol brasileiro e nossa casa, foi uma participação muito legal.
Nuno Moreira brilha, mas desperdiça chance clara
A melhor chance do Vasco nos primeiros 45 minutos veio dos pés de Nuno Moreira. O português tirou da cartola uma bela jogada, costurando a defesa do Santos e ficando cara a cara com Gabriel Brazão. No entanto, ao tentar encobrir o goleiro, desperdiçou a oportunidade de marcar.
Laterais crescem e mudam o jogo
O Vasco voltou diferente para o segundo tempo, impulsionado pelo crescimento de dois jogadores que tiveram um primeiro tempo apagado. Paulo Henrique e Lucas Piton elevaram seu nível de atuação e foram fundamentais para a virada.
Piton, que vinha sofrendo na marcação, mostrou sua característica ofensiva ao cruzar com precisão para Vegetti. O argentino ajeitou de cabeça, e Nuno Moreira apareceu na segunda trave para empatar a partida em São Januário.
Jogo aberto e emoções até o fim
Após o empate do Vasco, a partida virou um duelo franco, com ataques constantes dos dois lados. Impulsionado pela torcida, o time de Carille avançava com tudo, mas deixava espaços para o Santos explorar nos contra-ataques.
Léo Jardim brilhou ao fazer duas defesas importantes, e Lemos, atento no rebote, bloqueou um chute que tinha endereço certo.
Piton, cada vez mais ativo no jogo, voltou a acionar Vegetti. O argentino subiu bem e testou firme, mas Brazão fez uma defesa espetacular para evitar a virada.
Virada decisiva com Vegetti e Payet
O Santos parecia ter o controle do meio de campo e criava mais oportunidades, mas as mudanças de Carille foram fundamentais para o Vasco recuperar o domínio. Adson, Tchê Tchê e Payet entraram e deram ao time mais posse de bola.
Em uma jogada pela esquerda, Piton sofreu falta e Payet, com maestria, cobrou na cabeça de Vegetti. O argentino não perdoou e, mais uma vez, se destacou pelo alto, virando o jogo para o Vasco em São Januário.
Lições da estreia do Vasco no Brasileirão
A estreia do Vasco no Brasileirão trouxe boas lições para a equipe. Nuno Moreira e Mauricio Lemos mostraram que serão peças-chave para a temporada. O atacante português teve mais uma excelente atuação, somando dois gols e uma assistência em três jogos. Sua capacidade de contribuir com gols é fundamental para o time.
Por outro lado, Lemos se destacou como o líder da defesa. Apesar de um erro na saída de bola, o uruguaio teve uma ótima participação na distribuição das jogadas e foi decisivo ao salvar um chute de Gabriel Bontempo. Essas lições servem como base para o time seguir em frente na competição.
O que precisa ser ajustado para o Vasco seguir em frente
Apesar da vitória, há pontos a serem melhorados no Vasco. A equipe teve dificuldades para encaixar a marcação no meio de campo, e as costas de Piton ainda parecem ser a principal fragilidade defensiva. Paulinho, que teve grande importância nas últimas temporadas, não vive um bom momento em 2025. O tempo afastado dos gramados pode ter influenciado, mas o jogador ainda não alcançou o nível de influência que tinha nas partidas.
Outro ponto de atenção é Coutinho. No jogo contra o Santos, especialmente no primeiro tempo, o meia atuou muito longe do gol e não conseguiu ser tão decisivo. O lado esquerdo estava congestionado, e, com os erros individuais da equipe, Coutinho também foi impactado. Caso o Vasco consiga criar uma dinâmica que envolva Nuno, Coutinho e Piton com mais posse de bola, a equipe terá potencial para evoluir, aproveitando ao máximo o talento de seu jogador mais criativo.
De todo modo, o Vasco fez o dever de casa, conquistando os três pontos diante de um adversário que deve lutar pelo meio da tabela. A vitória representa um bom início para o Brasileirão, e a torcida vascaína, mais uma vez, teve papel fundamental no apoio em São Januário.