No dia anterior, o dólar atingiu uma cotação recorde de R$ 6,0942. O Banco Central tentou conter a disparada, que ocorre devido à percepção negativa do mercado sobre o pacote de corte de gastos proposto pelo governo.
O dólar opera em alta nesta terça-feira (17), atingindo pela primeira vez R$ 6,20. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,2065. A valorização do dólar reflete a piora nas expectativas do mercado em relação ao pacote de cortes de gastos enviado pelo governo ao Congresso. O objetivo é economizar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos e R$ 375 bilhões até 2030, como parte da meta de zerar o déficit público em 2024 e 2025, conforme as regras do arcabouço fiscal.
O arcabouço fiscal também exige que o governo comece a arrecadar mais do que gasta a partir de 2026, visando controlar o endividamento público. No entanto, os investidores já não acreditam que as medidas adotadas pelo governo até o momento sejam suficientes para conter o avanço da dívida pública no longo prazo.
O mercado esperava que o governo ajustasse gastos estruturais no pacote de corte, como a Previdência, benefícios atrelados ao salário mínimo e os pisos de investimento em saúde e educação.. No entanto, isso não ocorreu.
Segundo analistas, essas despesas tendem a crescer rapidamente, o que pode anular os efeitos do pacote de cortes em pouco tempo. O governo, no entanto, hesita em adotar essas medidas, pois afetariam políticas públicas e promessas de campanha do presidente Lula.
O texto do governo pode ser analisado pela Câmara dos Deputados ainda nesta semana. Analistas estão atentos às possíveis mudanças que os parlamentares podem fazer e ao cronograma de aplicação dessas mudanças.
O governo, conforme o blog do Valdo Cruz, prepara R$ 800 milhões em emendas parlamentares para garantir a aprovação do pacote e evitar que as medidas percam força, além dos R$ 7,6 bilhões já destinados a deputados e senadores até esta segunda-feira.
A alta do dólar também reflete a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que citou a disparada da moeda como um dos fatores para o aumento dos juros no Brasil.